Por: Renan Isaltino | Publicado em 12 de fevereiro de 2019

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 Botion comentou o avanço da dengue em todo o estado de São Paulo

 O prefeito Mario Botion participou nesta terça-feira (12) da reunião do Comitê de Prevenção e Controle das Arboviroses Urbanas (dengue, zika e chikungunya). Realizada na sede da Prefeitura de Limeira, a iniciativa tratou de questões como o quadro epidemiológico das arboviroses de 2018 e 2019, a circulação do vírus da dengue do tipo 2, a importância da notificação dos casos suspeitos e a vacinação contra a febre amarela. Na ocasião, Botion comunicou a criação do “Gabinete de Prevenção e Emergência no combate ao Aedes aegypti”. O decreto será publicado no Jornal Oficial desta quarta-feira (13).

 O encontro contou com a presença do vice-prefeito, Júlio Pereira dos Santos, o Dr. Júlio, do Secretário de Comunicação Social, Antonio Peres, do presidente do Comitê e diretor da Vigilância em Saúde, Alexandre Ferrari, de representantes dos hospitais Humanitária, Santa Casa, Unimed e Medical, dos laboratórios Previlab e In Vitro, do Sindicato dos Bancários, da vereadora Erika Tank e de secretarias municipais.

 Botion comentou o avanço da dengue em todo o estado de São Paulo e o risco de uma nova epidemia, como a registrada em 2015. “Nesse momento acompanhamos a chegada do tipo 2, que traz uma preocupação maior para quem já teve dengue”, frisou. Uma das questões levantadas pelo prefeito foi o resultado da Avaliação de Densidade Larvária – pesquisa realizada em janeiro pela Divisão de Controle de Zoonoses em 4.786 endereços. O estudo mostrou que o índice de infestação de larvas do mosquito Aedes aegypti na cidade é de 1,7 (situação de alerta).

 Frente a esse panorama, o prefeito destacou que algumas ações estão sendo “aceleradas”. Para tanto, anunciou o decreto de criação do Gabinete de Prevenção e Emergência no combate ao Aedes aegypti. Segundo o prefeito, o objetivo é acompanhar de maneira mais intensa o quadro epidemiológico no município e as ações de controle do vetor. “Um dos itens em pauta desse ‘Gabinete’ será a necessidade de notificação mais rápida dos casos suspeitos”, observou. O mesmo decreto também prevê a instituição do “Estado de Alerta” no município.

 O prefeito salientou que o combate ao Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya, requer trabalhos permanentes de prevenção e controle. Mesmo com a redução da incidência dos casos de dengue nos dois últimos anos, Botion afirmou que as ações foram reforçadas. Ele citou os 38 mutirões organizados pela prefeitura desde 2017 e da parceria com empresas, comércio, igrejas e organizações sociais na divulgação da importância da prevenção. Botion também disse que reuniu-se ontem (11) com integrantes do Ciesp/Fiesp visando o envolvimento de todos os associados na prevenção ao mosquito. “No sábado realizamos um grande mutirão. No dia 16 teremos outra ação, em parceria com a EPTV. Estamos atentos, mas toda sociedade precisa redobrar os cuidados.”

 Outra declaração do prefeito foi voltada à área educacional, Botion comunicou a realização de uma grande mobilização envolvendo as redes municipal e estadual, bem como as escolas particulares. “Só a rede municipal comporta aproximadamente 24 mil alunos. Esses estudantes também levarão para casa folhetos e todas as informações necessárias sobre a importância da eliminação dos criadouros”, afirmou.

 Dr. Júlio comentou a relevância do trabalho realizado pela Secretaria de Saúde e falou que os médicos devem se conscientizar sobre a necessidade de notificação. Nesse aspecto, o vice-prefeito sugeriu a participação da prefeitura nas reuniões entre hospitais e corpo clínico. Erika Tank, por sua vez, também sugeriu reuniões entre o Executivo e os vereadores, a fim de facilitar o entendimento da Câmara sobre a situação da dengue no município.

 Controle

 Uma explanação sobre a circulação da dengue do tipo 2 no estado de São Paulo, sobretudo na região de São José do Rio Preto e Araçatuba, marcou a fala da chefe da Divisão de Controle de Zoonoses, Pedrina Aparecida Rodrigues Costa. Pedrina observou que a situação é preocupante, pois há casos confirmados em cidades próximas a Limeira, como Piracicaba. “Atualmente, o vírus tipo 2 já foi identificado em 19 cidades paulistas”, afirmou. A chefe da Divisão também alertou para o fato de Limeira ser cortada por diversas rodovias e apresentar grande deslocamento de pessoas, características que favorecem a entrada e transmissão dessas doenças no município.

 Pedrina informou que no momento a prefeitura trabalha no controle do mosquito em duas frentes distintas: nas áreas críticas da Avaliação da Densidade Larvária e nos bloqueios de casos confirmados e suspeitos. Uma dessas frentes engloba bairros como Jd. Boa Esperança, Jd. Boa Vista e Vila Camargo, em que o índice de infestação de larvas do mosquito é de 3,94 (situação de risco). A segunda, envolve os bairros Ernesto Kühl, Odécio Degan e Ouro Verde, onde concentram-se as notificações mais recentes de dengue. “Temos estrutura para desenvolver o trabalho de controle e prevenção. Porém, só vamos conseguir bons resultados se trabalharmos juntos. Esse é o momento de eliminar os criadouros, não podemos ter mosquitos nascendo na cidade”, comentou.

 Cenário

A série histórica das arboviroses (2000 a 2019) foi apresentada pela coordenadora da Vigilância Epidemiológica, Amélia Maria P. da Silva. A coordenadora comentou que a dengue é uma doença cíclica e que o atual cenário é preocupante. Em 2000, a incidência da dengue para cada grupo de 100 mil habitantes era de 0,8. Em 2018, o índice era de 5,0, e neste ano, de 4,0. “Precisamos aumentar a suspeita sobre os casos de dengue e estimular a rede pública e privada para a notificação imediata. Com certeza há casos suspeitos que não chegam a ser notificados”, disse.

 Pedrina enfatizou que o trabalho de bloqueio ocorre primariamente em função da notificação de casos. “Sem notificação, não há como fazer o controle do vetor no município. Precisamos saber onde estão os suspeitos, e quanto antes tivermos essas informações, melhor para a efetividade das ações”, argumentou.

 Sobre os exames para identificação do vírus da dengue, a coordenadora da Vigilância Epidemiológica esclareceu que nos primeiros três dias da doença, o exame indicado é o NS1. A partir do sétimo dia, o exame recomendado é a sorologia. Outra questão levantada por Amélia foi quanto à necessidade de os pacientes fazerem o exame para diagnosticar a doença. Segundo ela, muitos pacientes não coletam a sorologia quando os sintomas melhoram – situação que impossibilita a confirmação (ou não) do diagnóstico da dengue.

 Presente à reunião, a médica dos hospitais Santa Casa, Unimed e Medical, Maria Beatriz B. Caraccio, afirmou que já encaminhou alerta sobre a necessidade de suspeição dos casos de dengue, bem como da solicitação dos exames indicados a todas as unidades de prontos-socorros. No entanto, observou que os médicos que atendem nos consultórios também precisam colaborar nesse trabalho.

 Febre Amarela

Sobre a prevenção à febre amarela, Alexandre Ferrari revelou que desde 2015 foram aplicadas 28.975 doses da vacina contra a doença. Ferrari declarou que a vacina é atualmente fornecida em dose única, e deve ser administrada a partir dos 9 meses de idade. A contraindicação é para grávidas, imunodeprimidos e idosos a partir dos 60 anos, que nesse caso, devem apresentar pedido médico. “O número de pessoas vacinadas contra febre amarela no município ainda é pequeno. Essa vacina é de rotina e temos doses suficientes para atender a população”, frisou.

 Presenças

Compareceram à reunião, Marco Antonio Dalfré Filho (Humanitária), Carlos Henrique Perdigão (proprietário do laboratório In Vitro), Daniele Andreia Baptistella (laboratório Previlab), Ivanice da Silveira Santos (Grupo Gestor da Saúde do Trabalhador/Sindicato dos Bancários), Thiago Henrique Pilon (representando a vereadora Mayra Costa). Por parte da prefeitura, estavam a diretora de Jornalismo, Kelly Camargo, a diretora da Divisão de Vigilância Sanitária, Renata Martins, a diretora de Atenção Primária, Camila Rezende, o biólogo e diretor de Licenciamento, Fiscalização e Áreas Verdes, Rogério Mesquita, o chefe de Divisão do Laboratório Municipal, Luiz Gustavo Sanches Martins, e a representante da Ouvidoria, Karina Benedita de Oliveira Costa.

 Serviço:

A Prefeitura de Limeira irá realizar uma capacitação sobre “Notificação e Manejo Clínico de Arboviroses”, voltada a médicos e enfermeiros das redes pública e privada, na Câmara de Vereadores, no dia 26, às 13h30. O tema será abordado pela infectologista Camila Pessoa Pereira. Serão disponibilizadas 200 vagas. (Da redação portal Notícia de Limeira)


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