Por: Cauê Pixitelli | Publicado em 29 de agosto de 2019

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 Atos ocorriam há anos em três, das quatro denunciantes

 Um grupo de quatro mulheres de 18, 22, 32 e 65 anos, denunciou um médium por abuso sexual. A denúncia, foi feita nesta quarta-feira (28), na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Limeira. Segundo informações apuradas pelo Notícia de Limeira, junto ao registro do Boletim de Ocorrência e que serão reveladas a partir de agora, os atos ocorriam há anos, exceto a vítima de 18 anos, que relatou que o abuso ocorreu quando ela tinha 10 anos e estaria com infecção urinária.

 O acusado, tem o centro espírita situado em uma chácara, dentro de um condomínio no Bairro dos Pires em Limeira, desde meados de 1980. Segundos as denunciantes, as reuniões ocorriam às terças e quintas-feiras e eventualmente aos sábados. Os participantes dos encontros eram seus familiares e parentes de seus familiares.

 O grupo relatou que o médium recebia uma entidade espírita durante as reuniões coletivas e em seguida, chamava de três a quatro pessoas em um quarto. Nesse local, o homem levava uma pessoa de cada vez. Neste quarto, tinha uma cama de solteiro, uma mesa de cabeceira com gaveta e uma mesa auxiliar, que continha velas, imagens de santos, incenso e objetos religiosos.

 Na mesa da cabeceira, na gaveta, tinha uma faca tipo peixeira, velas, lubrificantes e penas brancas, que ele utilizava para limpar-se e para oferecer as vítimas, para se limparem da ejaculação. Esses materiais, seriam guardados pelo acusado após o uso. As vítimas relataram também, que mediante persuasão e até ameças psicológicas e morais, ele induzia a acreditar, que as vítimas estariam sendo beneficiadas por graça espiritual e as convenciam a praticar atos sexuais e demonstrarem satisfação.

 A vítima de 18 anos, relatou, que quando os abusos que teriam ocorrido quando ela tinha 10 anos de idade, ela estaria com infecção urinária e que o suspeito teria introduzido seus dedos em sua vagina, fazendo movimentos com que doesse. Com as demais denunciantes, teria ocorrido conjunção carnal. A vítima de 22 anos teria sido abusada pela primeira vez com 16 anos de idade, seguindo até em dezembro de 2018.

 A mulher de 32 anos, informou à polícia que com ela os abusos teriam começado em 2010, com toques nos seios, nas partes íntimas, até que teria sido persuadida a praticar ato sexual. Com a mulher de 65 anos, hoje idosa, os abusos teriam se iniciado no ano de 1986, onde sessaram até cinco ou seis anos atrás, quando ela teria parado com os atos sexuais, porém continuou frequentando o centro espírita e segundo ela, o médium continuava a persuadi-la para que ela mantivesse os atos.

 As denunciantes relataram que a entidade que se apresentava em orações coletivas, seria uma entidade espírita diferente da qual se apresentava dentro do quarto e que o acusado alegava que não se lembrava de nada que ocorria dentro do quarto durante as sessões individuais e nem durante as sessões coletivas, dizendo que seu corpo era tomado pelas entidades e que ele não sabia o que ocorria com seu corpo e nem com as pessoas que participavam das reuniões.

 A vítima de 22 anos, ainda disse à polícia, que o acusado dizia à ela, que possuía mediunidade e que ela deveria devolvê-la, de forma a ajudar os outros e que para ela devolver essa mediunidade, deveria manter relações sexuais com ele. “se eu não continuasse, ele fazia ameaças, no sentido que sua família seria prejudicada e que se não seria por amor, seria pela dor.”, disse a jovem à polícia.

 O grupo relatou, que a entidade que baixava no acusado durante às sessões, era denominada “Índio”, porém nunca teria dito o nome da entidade “Índio”, mas dizia que era poderosa. As vítima seriam persuadidas a nada falarem sobre o que ocorria com elas dentro do quarto e com a entidade “Índio”. Elas nunca teriam comentado com seus companheiros e nem entre elas mesmo, por se tratar de um benefício individual para evolução espiritual.

 A entidade que o suspeito recebia durante às sessões coletivas, era denominada “Zé” e esta entidade que se comunicava com as pessoas, e, segundo ela, a entidade “Índio”, não era evoluída espiritualmente para se comunicar verbalmente. Segundo as vítimas, a entidade “Índio” dizia palavras incompreensíveis e outras com dicção prejudicada.

 Mas algumas palavras eram possíveis compreender, como por exemplo “solta o corpo, relaxa, isso, assim, porque” e quando se recusa “Índio” apenas verbalizava, “porque e não entendo”, demonstrando raiva. A entidade “Zé”, quando era questionada sobre o que ocorria dentro do quarto, dizia que o que acontecia lá dentro, era espiritual e não real e que não deveria ser dito a ninguém.

 A entidade “Zé”, voltava ao corpo do suspeito ainda dentro do quarto e esse seria o momento em que ele dizia para as vitimas, que o que acontecia no quarto era espiritual e não pertencia ao mundo real e que não deveria ser falado a qualquer pessoa, porque poderia ocorrer algo ruim com quem contasse ou familiar.

 As vítima só vieram a revelar entre elas e seus familiares em meados de novembro do ano de 2018, quando a vítima de 32 anos expôs sua situação a outra mulher, que não quis ser identificada e que frequentava o centro espírita, logo após as denúncia que tornaram públicas do caso “João de Deus”.

 Foi nesse momento, em que a mulher teria notado que ela não era a única vítima, o que achava até então, vindo a expor o ocorrido a seus familiares e companheiro. Após isso, a mulher percebeu que haviam muitas outras vítimas, sendo que haveriam ainda mais vítimas, além do grupo de quatro mulheres que denunciaram. As outras não quiseram se identificar até o momento.

 As vítimas e familiares delas procuraram o acusado, que relatou, sem estar com nenhuma entidade baixada, “que as pessoas atendidas pela entidade “Zé” e “Índio”, não estavam entendendo que eles seriam médicos espirituais capacitados a tratar de todo tipo de enfermidade e que os toques nos seios, seriam para identificar possíveis nódulos e batimentos cardíacos”.

 As vítimas ainda relataram à polícia que estão passando por problemas psicológicos com acompanhamento psiquiátrico e psicológico, fazendo uso de medicação. A denunciante de 32 anos, ainda informou à polícia, que após exposição de seu caso, para seu companheiro, ele teria desenvolvido problemas psicológicos e físicos e que está em tratamento, além de ter terminado a união estável com ela, relatando que mesmo com o tratamento psicológico não consegue superar a situação.

 A Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), requisitou exame de corpo de delito para as vítimas. O caso, agora segue sendo investigado pela DDM. A idade do acusado, ainda não foi revelada. (Cauê Pixitelli)


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