Por: Renan Isaltino | Publicado em 24 de outubro de 2019

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 Em pauta, estavam temas como o cenário epidemiológico das arboviroses e as ações de controle do mosquito

 O prefeito Mario Botion participou nesta quinta-feira (24) de mais uma reunião do Gabinete de Prevenção e Emergência no Combate ao Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya. Em pauta, estavam temas como o cenário epidemiológico das arboviroses e as ações de controle do mosquito. O encontro contou com a presença da diretora da Superintendência de Controle de Endemias (Sucen) de Campinas, Renata Caporalle Mayo, do secretário de Saúde, Vitor Santos, do diretor de Vigilância em Saúde, Alexandre Ferrari, entre outros.

 Botion agradeceu a presença da diretora da Sucen e afirmou que em breve irá reeditar o decreto que instituiu o estado de alerta para a dengue no município (51/2019), com alterações para torná-lo ainda mais eficaz. Ele também observou a importância da elaboração do Plano de Contingência para 2020, que prevê ações a serem adotadas em caso de uma nova epidemia. “Vamos continuar com a intensificação dos trabalhos e envolvimento de toda a sociedade para controle e prevenção da dengue”, frisou.

 Na ocasião, o chefe do Executivo anunciou que os agentes de controle de zoonoses passarão a trabalhar com o auxílio da informática. Nas próximas semanas, 130 tablets serão entregues a esses profissionais, para que eles possam digitar as informações coletadas durante as visitas domiciliares. “Será mais um avanço no controle da dengue”, comentou.

 Alexandre Ferrari, por sua vez, apresentou o avanço da dengue no Brasil, destacando o aumento de casos da ordem de 594%, no comparativo 2018/2019. Foram 209.516 casos em 2018, contra 1.455.898 neste ano. Quanto aos óbitos, foram 141 em 2018 e 646 neste ano (Fonte: Sinan/Ministério da Saúde).

 No âmbito regional, o diretor chamou a atenção para a incidência da doença em Campinas, com 26.163 ocorrências e cinco óbitos, e Americana, com 4.559 casos e quatro mortes. “Esse foi um ano crítico, em razão da entrada do vírus do tipo 2 no Estado de São Paulo. Para o próximo ano, as projeções apontam para alta incidência, sobretudo na nossa região, onde a circulação do tipo 2 não foi tão grande quanto na região noroeste do estado. Seguiremos com o controle dos vetores, que é um trabalho essencialmente manual”, relatou Ferrari.

 A série história da dengue em Limeira foi exemplificada pela chefe da Divisão de Vigilância Epidemiológica, Amélia Maria P. da Silva. Em 2000, foram duas ocorrências da doença, passando para 855 no ano seguinte. A partir daí, houve aumento de casos em 2007 (368), 2010 (768), 2011 (2.371), 2013 (1.241), 2015 (20.597) e 2019 (982).

 Amélia alertou sobre a importância de os profissionais de saúde prosseguirem com a suspeição dos novos casos de dengue, considerando-se que há outras doenças com sintomas parecidos, como o sarampo. Ela informou que a Divisão está empenhada em concluir o diagnóstico de 390 casos que ainda estão “em aberto” com base em critérios clínicos e epidemiológicos. Por esse motivo, ela esclareceu que nas próximas semanas novos casos serão acrescentados aos já confirmados.

 A chefe da Divisão de Controle de Zoonoses, Pedrina Aparecida Rodrigues Costa, mostrou o mapa da dengue em Limeira, enfatizando que a doença está disseminada por todas as áreas da cidade. No período de julho a setembro, em que foram registrados 267 casos, Pedrina observou que 112 bairros tiveram novos registros da doença em todos os três meses, e outros 15, apresentaram ao menos uma notificação nesse período. Esse levantamento, conforme ela destacou, é um dos instrumentos usados para monitoramento e intensificação das ações de prevenção.

 Quanto à Avaliação de Densidade Larvária (ADL), Pedrina comentou que nas três pesquisas já concluídas, todas as áreas do município enquadraram-se na situação de “alerta” em algum momento do ano. O destaque ficou por conta da região dos bairros Alvorada, Hipólito, Nova Suíça e Santa Lúcia, que registrou Índice de Infestação Predial de 3,94 em janeiro e 0,49 no levantamento de julho. Uma nova avaliação está sendo empreendida pelos agentes agora em outubro.

 Pedrina argumentou que Limeira é uma cidade privilegiada, com 100% de água e esgoto tratados, coleta de lixo domiciliar três vezes por semana e 11 ecopontos para o descarte de lixo doméstico. Porém, ela ponderou sobre as questões de vulnerabilidade, relacionadas ao grande número de pessoas que se dedicam à reciclagem, acumulando inservíveis no ambiente doméstico, e à presença de objetos retornáveis nas residências, como garrafas plásticas. “A prefeitura vem fazendo sua parte, já visitamos neste ano 365.987 imóveis para controle da dengue. No entanto, os moradores precisam se conscientizar e colaborar nesse trabalho”, disse.

 Aproveitando a presença da diretora da Sucen, Pedrina questionou sobre a falta de inseticida para fazer o bloqueio (nebulização com equipamento portátil), visando a eliminação do mosquito Aedes aegypti. O trabalho deve ser realizado sempre que há identificação de circulação viral ou adensamento de suspeitos em uma determinada região.

 Renata Caporalle esclareceu que o governo estadual aguarda a remessa de um novo tipo de inseticida adotado pelo governo federal, e ainda, reforçou a necessidade desse insumo para controle dos mosquitos adultos infectados. Ela parabenizou as ações de controle de vetor no município e ressaltou que essa responsabilidade não cabe apenas ao Poder Público. “Limeira tem avançado muito nas ações de prevenção não apenas das arboviroses, mas de outras doenças como a febre maculosa”, disse.

 A entrada do vírus do tipo 2 também foi mencionada pela diretora, que endossou o prognóstico de uma transmissão significativa da doença no próximo ano. No âmbito de novas estratégias, ela sugeriu ações pedagógicas para estimular a participação dos estudantes na prevenção e a adoção de horário alternativo para visita de imóveis em que o morador estava ausente durante as vistorias de rotina.

 Também compareceram à reunião, o secretário de Desenvolvimento, Turismo e Inovação, Tito Almirall, integrantes de diversas secretarias, entre eles, Kelly Camargo (Comunicação Social), Camila Rezende (Saúde), Gisele Celestino (Administração), Rogério Mesquita (Meio Ambiente e Agricultura), Lucas Caetano (Habitação), Adriana Müller Del Mondo (Educação), Danilo Marques (Gestão Estratégica) e Elis Costa da Silva (Ceprosom), e representantes de instituições hospitalares, Carlos Neme (Unimed) e Camila Monteiro Valvasori (Medical). (Da redação portal Notícia de Limeira)


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