Por: Renan Isaltino | Publicado em 4 de setembro de 2020

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 A média móvel é calculada a partir da soma das confirmações nesse período e dividida por 14 dias

 O monitoramento diário realizado pela Secretaria de Saúde aponta que Limeira apresenta uma desaceleração de contaminação do novo coronavírus desde o início de agosto. Conforme o diretor de Vigilância em Saúde, Alexandre Ferrari, é possível afirmar isso a partir da média móvel de 14 dias das últimas semanas, que mostra uma queda de casos confirmados em relação aos demais períodos.

 A média móvel é calculada a partir da soma das confirmações nesse período e dividida por 14 dias, segundo explica Ferrari. “Tudo o que sentimos de reflexo da pandemia ocorre após um período de 7 a 14 dias, que é o tempo de evolução da doença e seus sintomas. Por isso, é um dos métodos epidemiológicos que usamos para calcular o avanço do coronavírus em Limeira”, cita o diretor.

 Na última medição, entre 17 e 30 de agosto, foram 79 casos confirmados, contra 153 na média móvel de 13 a 26 de julho, considerado o pico da doença no município até o momento. É quase metade de positivações. Além disso, as médias móveis de 3 a 16 de agosto (106 confirmações) e de 10 a 23 de agosto (84 confirmações), também apontam a desaceleração da contaminação.

 Ainda conforme Ferrari, a maioria das pessoas (quase 80%) que foram contaminadas pelo vírus tem entre 20 e 60 anos. Essas são as pessoas mais ativas, que se movimentam mais pela cidade, principalmente por conta do trabalho. “A maior parte das notificações de casos positivos são de pessoas sintomáticas, conforme os critérios epidemiológicos, que representam cerca de 90% das confirmações. Há pessoas assintomáticas, que fazem o exame espontaneamente, que também são contabilizadas, caso tenham resultado positivo”, relata.

 OCUPAÇÃO DE LEITOS

 Outro dado que corrobora com a queda é a ocupação de leitos. Na Unidade de Referência Coronavírus (URC), por exemplo, entre 20 de julho e 2 de agosto, os leitos de UTI chegaram ao pico, com 94,4% de ocupação, dentro da média móvel. Os leitos clínicos, no mesmo período, tinham ocupação de 78,9%. Atualmente, pela última média móvel (17 a 30 de agosto), a ocupação está em 59,4% (UTI) e 67,5% (clínicos).

 Em relação aos leitos gerais (hospitais + URC), também houve queda na ocupação. Na média entre 13 e 26 de julho, a ocupação de UTI e de leitos clínicos era de 85,5% e 74,7%, respectivamente – esse também foi o pico de internações gerais. Mas, na média móvel de 17 a 30 agosto, a ocupação é de 65,7%, em UTI, e de 66,4%, em enfermaria. Essa queda também está relacionada ao aumento de leitos na URC, que reflete na ocupação geral.

 Para o diretor, esses dados indicam “um certo platô”. “Isso significa que há uma evidente desaceleração, mas que mantivemos uma contaminação mais baixa que o pico”, explica Ferrari. De acordo com ele, em consequência disso, houve queda também na procura de sintomáticos respiratórios nas unidades de referência, o que levou a retomada dos atendimentos básicos nas UBS pela prefeitura. “E os hospitais relatam a mesma diminuição”, destaca.

 ÓBITOS

 Os óbitos também impactam nessa desaceleração. De acordo com o monitoramento da Secretaria de Saúde, no maior pico da doença, em julho, a média móvel do número de óbitos se manteve em três por dia. Em agosto, a média caiu para dois por dia. “Cerca de 73% dessas mortes são de pessoas acima de 60 anos e 87% são daqueles que tinham alguma comorbidade. Infelizmente, isso segue um padrão internacional”, explica Ferrari.

 Outra evidência dessa queda é a comparação entre julho e agosto. Somente em julho, foram confirmados 89 óbitos, enquanto em agosto, foram 57 novos. Isso representa uma queda de aproximadamente 36%. Antes, de junho para julho, houve aumento de 53% – foram 58 mortes acumuladas em junho. Já as contaminações, em julho foram 4.150 novos casos, enquanto em agosto, 2.742 novas confirmações – queda de quase 34%.

 Outro apontamento da Secretaria de Saúde, por meio da análise dos dados, é de que, mesmo durante o pico da doença, não houve aumento do número de óbitos, pois a estrutura de atendimento funcionou conforme o planejado.

 Já a taxa de letalidade em Limeira está na contramão do parâmetro mundial, nacional e estadual. Hoje (2), esse índice, no município é de 2,5%, com 218 mortes, calculado com base nas confirmações da doença na cidade. O Estado de São Paulo tem taxa de 3,7%; o Brasil, 3,1%; e o mundo, 3,3%.

 RAZÕES PARA A DESACELERAÇÃO

 O diretor afirma que as razões para essa desaceleração são várias. Primeiro, segundo ele, esse é um comportamento esperado da doença. “Na medida que temos um número mais alto de contaminação em um momento, sobretudo na faixa que mais se movimenta, posteriormente há menos transmissão, nos caminhando para uma imunidade coletiva”, aponta Ferrari. Ainda conforme ele, isso também acompanha uma referência mundial.

 Outra causa destacada pelo diretor são as campanhas educativas promovidas pela atual administração, por meio das secretarias de Comunicação Social e de Saúde. “Tem sido uma campanha massiva, em toda a cidade, e temos tido resposta da sociedade, principalmente em relação aos cuidados com a higiene, distanciamento social e interpessoal, e uso de máscaras. Isso ajudou muito”, afirma.

 Ferrari também cita as medidas de fiscalização por parte da Prefeitura e a testagem da população, seguindo os protocolos do Ministério da Saúde quanto aos critérios. Segundo ele, até o momento, foram mais de 3.200 fiscalizações relacionadas a aglomerações e outras irregularidades durante a quarentena, e quase 30 mil testes, sorológicos e de PCR, realizados na população.

 Além disso, desde o início, a orientação em Limeira é a busca precoce do sistema de saúde, público e privado, o que ajuda a evitar o agravamento do quadro, uma vez que as pessoas são tratadas assim que notificadas, com as devidas orientações e medicamentos necessários, usuais e off label (hidroxicloroquina e ivermectina), que estão disponíveis à população. No entanto, Ferrari lembra que é necessário prescrição médica.

 CUIDADOS DEVEM CONTINUAR

 Mesmo com a desaceleração da contaminação no município, o diretor alerta que isso não significa que o poder público abrandará as medidas. “Pelo contrário, intensificaremos as ações da nossa parte e precisamos do apoio da população, que deve redobrar a atenção quanto aos protocolos sanitários”, afirma. Com esses cuidados, segundo ele, é possível evitar um novo pico da doença.

 “Estamos com a pandemia declarada, continuamos numa situação de emergência sanitária internacional. Isso significa que novos picos de contaminação poderão ocorrer, e por isso, precisamos do apoio da população. Não é o momento para aglomeração, nem para festas, atividades em grupo, ou deixar de lado os cuidados de higiene e uso das máscaras”, esclarece Ferrari.

 O diretor lembra, ainda, que esses cuidados também são importantes para que a desaceleração continue, mas principalmente para evitar o contágio aos grupos mais vulneráveis, bem como para que o sistema de saúde continue a dar suporte médico e farmacológico a toda população. “Assim tem sido desde o início e, mesmo no momento de pico, não deixamos de atender nenhum munícipe de Limeira ou da região”, reforça.

 INQUÉRITO SOROLÓGICO

 Outro ponto avaliado pelo diretor de Vigilância em Saúde foi o inquérito sorológico realizado pela Prefeitura, uma iniciativa inédita na região da DRS-10, a qual Limeira faz parte. Segundo ele, essa foi uma medida importante, por meio do uso de métodos aceitos pela comunidade científica, e que mostra dados “palpáveis” que determinarão as ações do município nos próximos meses.

 Segundo a pesquisa, a estimativa é que cerca de 35,7 mil (14,6%) pessoas, com idade igual ou superior a 15 anos, tiveram contato com o vírus – a confiabilidade é de 95%. Conforme Ferrari, esse é outro passo importante para a chamada imunidade coletiva. “É o que tem de mais sólido, com um método próximo da realidade. E esse estudo corrobora com a leitura da Saúde quanto ao cenário de desaceleração”, finaliza. (Da redação portal Notícia de Limeira)


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