Por: Renan Isaltino | Publicado em 4 de setembro de 2020

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 Nesta plataforma, 92 cidades paulistas são monitoradas

 Pesquisadores de universidades públicas em São Paulo têm auxiliado a população com o monitoramento, análise e divulgação dos dados sobre a Covid-19. Uma das plataformas foi desenvolvida por docentes das universidades Estadual Paulista (Unesp) e de São Paulo (USP), que oferecem dados diários comparativos sobre a doença no Estado de São Paulo.

 A partir dos dados disponibilizados pelas prefeituras, como a de Limeira, a plataforma gera informações que permitem o acompanhamento da evolução da doença em cada município e comparações entre eles. A iniciativa foi desenvolvida dentro do Centro de Ciências Matemáticas aplicadas à Indústria (CeMEAI) com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). A coordenação é do professor da Unesp em Rosana (SP), Wallace Casaca.

 São compiladas informações como número de casos confirmados, descartados, mortes, recuperados, exames realizados e notificações gerais desde o início da pandemia. A partir dessas informações, a plataforma faz cálculos que possibilitam saber a situação da doença no município – indicadores do dia, índices estatísticos e taxas, aumento/declínio dos últimos sete dias.

 Nesta plataforma, 92 cidades paulistas são monitoradas. Sobre Limeira, o pesquisador disse que o pico de casos ativos (pessoas infectadas ativas com o novo coronavírus) ocorreu no final de julho e início de agosto, entre os dias 23 e 6. No dia 5 de agosto, ele conta que os dados mostram uma inversão das curvas de casos ativos e recuperados, “ou seja, o número de recuperados ultrapassou o de casos ativos”.

 Atualmente, diz Casaca, o número de casos ativos de Covid-19 está no mesmo patamar do começo de julho e tem caído dia-a-dia.

 Qual sua análise sobre os dados fornecidos em Limeira?

 Das 92 cidades que acompanhamos atualmente, Limeira é um dos melhores exemplos de transparência de dados [para não dizer o melhor – na verdade, é sempre o primeiro nome que vem em mente para o pessoal do projeto].

 Nesse sentido: Limeira torna público todos os dados que temos coletados das cidades, que são casos notificados, suspeitos, confirmados, descartados, recuperados, internados, óbitos e óbitos em investigação. Esse padrão, de incluir nos boletins todos os dados e não só apenas os casos confirmados, óbitos e recuperados, tal como algumas cidades têm feito, é algo essencial para a análise dos dados e da situação da pandemia do município. Com esses dados à disposição, é possível entender, de forma mais aprofundada, as diferentes fases da epidemia no município. Talvez a única ressalva que eu faria no caso dos dados de Limeira é que, no dia 28 de julho, houve uma mudança na divulgação dos casos em internação, que passou a corresponder a apenas os casos confirmados com Covid-19. Antes dessa data, também eram publicados nos boletins os casos suspeitos internados, o que permitia quantificar ao certo quantas pessoas havia internadas e que, supostamente, poderiam estar associadas à doença.

 –   Atualização das informações

 Limeira tem atualizado com regularidade seus boletins epidemiológicos diários, incluindo finais de semana e feriados [o que é algo que não ocorre com muitas das cidades que acompanhamos]. A taxa de atualização do município é, hoje, de 97%. Essa taxa é calculada da seguinte forma: número de dias em que o município atualizou o boletim epidemiológico, contados desde 26 de março [que foi quando iniciamos a coleta dos dados], dividido pelo número de dias contados desde 26 de março até o dia corrente [no caso, de 2 de setembro, que foi o último dia de atualização dos dados].

 O que é considerado preocupante sobre a doença no município?

 A partir da análise dos dados, um ponto que vejo com certa preocupação em Limeira é que, no final da segunda quinzena de agosto, a taxa de isolamento do município caiu bastante [próximo do dia 12 de agosto]. Além disso, em comparação com todas as outras cidades acompanhadas, a taxa de isolamento de Limeira é uma das mais baixas.

 Há indicativo de desaceleração em Limeira?

 Conforme apontam os dados, o número de casos ativos tem reduzido gradativamente desde o final da primeira semana de agosto no município, o que é uma notícia bastante positiva. O número de novos óbitos também reduziu significativamente, sobretudo, na última quinzena de agosto e início desse mês [retornando ao mesmo patamar do início de junho].

 No caso da desaceleração mensurada como métrica epidemiológica – que é o que chamamos de número de reprodução do vírus, Rt –  esse dado tem sido computado não por cidade, mas sim por região. No caso, Limeira integra o Departamento Regional de Saúde de Piracicaba, que hoje apresenta um Rt inferior à 1, mais precisamente 0,63, o que indica que a região vem sofrendo uma desaceleração na transmissão do vírus.

 Embora os dados e índices apontam para uma melhora tanto em Limeira como na própria região como um todo, é importante ponderar o seguinte: (a) ainda levará algumas semanas (ou até meses) para que a situação se “normalize”, ou seja, a situação ainda não está plenamente favorável, tampouco que a doença na região está erradicada. Na verdade, o estado de São Paulo começou somente agora, no final da segunda quinzena de agosto, a sair do chamado platô, ou seja, os números de novos casos e de novos óbitos ainda são bastante elevados atualmente, e requer certa cautela da população em continuar a seguir as recomendações básicas de mitigação e controle da doença. (b) A taxa de isolamento de Limeira, que voltou a ficar baixa nas últimas semanas.

 * A plataforma está disponível na página do projeto: https://www.viser.com.br/covid-19/info-tracker (Da redação portal Notícia de Limeira)


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