Por: Renan Isaltino | Publicado em 4 de setembro de 2020

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 O objetivo era proporcionar a continuidade do aprendizado para 25 mil alunos da rede municipal

 A guerra contra o coronavírus impôs uma necessidade urgente às escolas de todo mundo: a estruturação do ensino remoto. Aqui em Limeira não foi diferente, e em março, quando as aulas presenciais foram suspensas, a Secretaria de Educação reuniu professores e técnicos para traçar estratégias de acolhimento e orientação aos familiares durante a pandemia. O objetivo era proporcionar a continuidade do aprendizado para 25 mil alunos da rede municipal. Porém, uma parcela desses estudantes apresentava um desafio ainda maior aos educadores da pasta, os 495 alunos com necessidades especiais e os 204 com dificuldades acentuadas de aprendizagem.

 Para as aulas não-presenciais desse grupo, a Secretaria de Educação e os professores de Educação Especial elaboraram um “kit pedagógico”, que passou a ser distribuído periodicamente. O roteiro reúne atividades impressas para os estudantes e um conjunto de orientação aos familiares sobre desenvolvimento infantil e a necessidade de manutenção da rotina de aprendizado. “Nossa intenção é dar suporte às famílias para que elas continuem estimulando esses alunos durante a quarentena”, afirma a professora de Educação Especial, Damaris Braidotti.

 Além desse material, ela salienta que cada unidade escolar vem preparando atividades para esses alunos, de acordo com o chamado “Plano de Desenvolvimento Individual” (PDI). Esse plano, ela esclarece, é elaborado pelos docentes que trabalham diretamente com o estudante, visando estimular competências relacionadas à linguagem, habilidades motoras e sociais, percepção e raciocínio lógico matemático, entre outras.

 Atualmente, a Educação Especial abriga 177 alunos com deficiência intelectual, 126 com Transtorno do Espectro Autista (TEA), 41 com deficiência física, 41 com síndrome de Down e 38 com deficiências múltiplas. Há, ainda, 70 estudantes com outras deficiências. Todos estão inseridos no ensino regular, e anteriormente à quarentena, retornavam à escola para realizar atividades em salas de recursos multifuncionais.

 Agora, esse trabalho é desenvolvido pelos familiares em casa, e conforme Damaris, o resultado tem sido animador. “Essa é uma condição que dificulta a rotina de aprendizado, pois geralmente as famílias não têm formação pedagógica. Nesse sentido, a Secretaria de Educação sugere algumas práticas para auxiliá-las”, afirma.

 VÍNCULO

 Se por um lado o aprendizado à distância tornou-se indispensável, por outro, vem ensinando a Secretaria de Educação a escrever um novo capítulo na interação entre professores e alunos. É o caso de Leonardo Olivo. Em 23 de agosto, um domingo, ele aguardava com ansiedade a festa de aniversário de 7 anos. Em razão da pandemia, a comemoração seria on-line. Mesmo assim, Camila, mãe do menino, decorou a sala de casa com balões e comprou um bolo de chocolate. Às 18 horas em ponto, os convidados se encontraram virtualmente para cantar o tradicional “parabéns a você”.

 Em vez de familiares e amiguinhos, os participantes da festa eram educadores da Emeief Vereador Mauro Sérgio Vieira, onde Leonardo foi matriculado neste ano. Segundo Camila, a escolha do filho pelos convidados (entre eles a professora Damaris) reflete o empenho e a dedicação dos servidores da unidade durante a quarentena.

 HISTÓRICO

 Camila conta que o filho foi diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA) aos três anos de idade, quando ingressou no ensino infantil. Ela relata que o quadro de autismo de Leonardo é caracterizado pelo alto índice de inteligência. Ele aprendeu a ler e a escrever aos quatro anos de idade e no teste de inteligência, o QI, no ano passado, atingiu a pontuação 122, indicando “inteligência superior”.

 Neste ano, já no primeiro ano do Ensino Fundamental, ele precisou enfrentar um processo de adaptação, com professores, amigos e horários novos, que desencadeou algumas crises de ansiedade. “A quarentena veio bem na hora em que ele estava começando a engrenar na escola”, disse Camila.

 Com a suspensão das aulas, Leonardo confrontou-se com uma nova rotina, da educação remota. No entanto, devido as suas habilidades, as lições logo acabaram. “Entrei em contato com a escola, que prontamente começou a mandar atividades extras”, afirmou Camila.

 Além das lições, ela comenta que a escola tem oferecido suporte durante todo esse período, seja por conversas telefônicas ou por mensagens de aplicativo. Apesar do pouco tempo de aulas presenciais, Camila observa que o filho conseguiu estabelecer laços com a equipe de educadores, vínculos que foram mantidos durante o período de afastamento. “As professoras sempre estão prontas para conversar e nos acolher”, ressalta. (Da redação portal Notícia de Limeira)


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