Por: Renan Isaltino | Publicado em 8 de abril de 2021

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 De cimento e com formato ovalado, a fonte foi desenterrada e vem chamando a atenção de quem circula pelo local, sobretudo, pelas suas dimensões

 A obra de reforço estrutural que a Prefeitura de Limeira iniciou mês passado nas ruínas da Máchina São Paulo, no Centro da cidade, revelou um tesouro arquitetônico que estava há oito anos soterrado. Trata-se da antiga fonte da fábrica, localizada entre o paredão de tijolos e a Av. Campinas.

 De cimento e com formato ovalado, a fonte foi desenterrada e vem chamando a atenção de quem circula pelo local, sobretudo, pelas suas dimensões: são 19,9 metros de comprimento, por 7,7 metros de largura e aproximadamente 80 centímetros de profundidade.

 Segundo a arquiteta do Setor de Patrimônio Histórico da Secretaria de Urbanismo, Alessandra Argenton Sciota, a fonte provavelmente foi construída na mesma época que a fábrica, em 1914. Ela esclarece que sua existência já era de conhecimento da pasta, e inclusive, consta do atual projeto de recuperação do espaço.

 A arquiteta afirma que, em meados de 2010, a fonte chegou a ser restaurada, no entanto, não houve a instalação de um sistema de drenagem. Em 2013, em razão do aumento dos casos de dengue na cidade, foi aterrada para evitar o acúmulo de água e a consequente formação de criadouros do Aedes aegypti.

 O secretário de Urbanismo, Matias Razzo, observa que, mesmo antes de ser encoberta, a fonte era desconhecida de boa parte dos munícipes, pois ficava fora do alcance de visão devido ao muro da antiga fábrica. Com a demolição do muro e a retirada de outros elementos sem valor histórico, ele afirma que tanto o paredão quanto a fonte passaram a ser “vistos” pela população.

 Razzo destaca que a fonte ganhará um sistema de drenagem que afastará a possibilidade da formação de criadouros do mosquito. Contudo, ele salienta que o espaço não funcionará como fonte em razão dos custos elevados para instalação de um novo sistema de bombeamento de água. De acordo com o projeto elaborado pela Secretaria de Urbanismo, a ideia é transformá-la em elemento paisagístico, e para tanto, receberá vegetação ornamental.

 Ainda pela necessidade de contenção de gastos devido à pandemia de coronavírus, o secretário afirma que o projeto global para o espaço, que prevê o reforço do paredão e a construção de uma praça, precisou ser dividido em duas etapas.

 Nesse primeiro momento, ele salienta que a prefeitura optou por dar prioridade à instalação da estrutura metálica que dará nova sustentação à edificação, a fim de preservá-la. Essa ação permitirá a retirada do escoramento de madeira, já bastante desgastado pelo tempo. Ainda nessa primeira fase, haverá uma alteração viária no local, com alargamento da Av. Campinas, visando melhorar o fluxo de veículos, e ampliação da calçada, nesse caso, para facilitar a circulação de pedestres.

 Posteriormente, ele informa que a Administração Municipal buscará meios para avançar com o projeto. “Ainda estamos estudando formas de viabilizar a transformação dessa área em uma praça, como previa o projeto inicial”, diz Razzo.

 O prefeito Mario Botion comentou a importância da intervenção, que ocorre no coração da cidade. “Além da preservação desse patrimônio histórico, que no passado abrigou a Máchina São Paulo, considerada o berço da industrialização limeirense, esse projeto também vai melhorar a mobilidade urbana da cidade”, destacou.

 História

 A Máchina São Paulo foi construída em 1914, por iniciativa de Trajano de Barros Camargo e Antonio Augusto de Barros Penteado. Em 1958, a empresa foi comprada pela Mercedes-Benz, que manteve a produção no local até 1962. Em 2007, o Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico e Arquitetônico do Município de Limeira (Condephali) declarou o espaço como de “interesse histórico”. Atualmente, o que restou da edificação está em processo de tombamento. (Da redação portal Notícia de Limeira)


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